domingo, 14 de agosto de 2011

_aos preços

Hoje adentrei os domínios de um reino que, há muito, não visitava: a livraria.
Espantei-me!
Os preços pareciam pipocar ante mim, querendo, cada qual sobre si, a maior das atenções.
Competiam entre si.
De mãos dadas com um livro, ia eu.
''Se for tanto, eu levo" - pensava.
Era tanto e muito mais.
Já desistia de um agarrado a outro, propondo a mim mesmo: Se este for tal valor, é meu!
Era o valor e mais tantos segundo o meu critério.
"Não são vocês, sou eu" - excusava-me a cada um que devolvia à prateleira de onde acabara de tirá-los com a esperança de um lar fora dali.
Dei-me por vencido; bati ao peito e bradei, derrotado:

"Eu preciso ganhar mais."
"Eu preciso ganhar mais..."

domingo, 24 de julho de 2011

ratsog od*

O ser humano era para ser pleno em si, para, só depois disto, tentar ser pleno fora de si; achar-se em alguém é genial, mas tão perigoso e injusto quanto perder-se dentro de si mesmo.
Como bem diz o título da música "O amor verdadeiro não tem vista para o mar"

E dito tenho!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

*às inquietas sombras

De todas as formas nominais que os verbos têm, o particípio é a minha favorita. Ele mostra que alguma coisa durou o tempo exato que tinha de durar, que algo em chamas queimou seu pavio na melhor e mais exata duração de tempo.

Hoje eu tive um breve encontro com um de meus muitos passados (sim, 'um de meus muitos', posto que se enganam os que pensam que os tempos são um apenas). E neste encontro, antes que morresse em agonias pensando em todos os futuros que este passado poderia ter sido, eu me enchi com uma paz surreal por perceber tudo o que ele já foi.

Dívida paga, nada nunca poderá chamar-me o nome, se vem lá de trás.

E não é mais...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

*da sociedade

E nunca uma rede foi tão capaz de unir os peixes quanto separá-los, como o faz a Internet.
O beijo que hoje ganho é tão frio quanto o LCD da tela que encaro.

terça-feira, 19 de julho de 2011

*da desconfiança

Sejamos sinceros: nada nunca é o que parece ser. Nada nunca sequer será o que aparenta ser.


Porque, exatamente como a escuridão dá máscaras aos nossos medos, assim também o faz a beleza aos amores que pensamos gerar dentro em nós.
É bem como se olhar em espelho e pensar que o que se vê é um mesmo EU a encarar-nos de volta...

Nossa mais velha e mui bem conhecida necessidade de definirmos tudo.
Ô ilusão boa, a de estar no controle.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

*ao moço...

Em motéis baratos ou em restaurantes caros,
depois de se comer muito bem,
um café e um cigarro caem muuuuito melhor!!

*do porquê...

Nada nasce, a meu ver, se antes não for dotado d'uma razão, d'um motivo, ou d'algo que o defina como existente.
Há tempos me arde esta vontade de criar um blog de recortes, exatamente porque, há tempos, eu venho sendo visitado por pequenos trechos; versinhos que me são sussurrados daqui, estrofes segredadas dali, mas nada nunca terminava, nunca se desenvolvia, entende? Foi quando (por falar em entender) que eu entendi que eles não se desenvolveriam mais, já estavam prontos; meus recém-nascidos mais prematuros eram, na verdade, a prole que eu sempre quisera, a poesia em essência, um recorte na poética.

Nasce assim e aqui, pois, o Mosaico Laico, dono duma estilística que eu tomei por bem chamar de 'poética do recorte'. Aqui, o simples é divino, é precioso e raro. O muito dito no pouco escrito.
Nada de muitas estrofes e labirintos versificados, isto é para o Meu Parnasso.
Não se preocupe em apagar as luzes quando sair, ou em deixar a porta bem trancada: no fim de tudo eu ainda ficarei por aqui.

E lá vou eu divagando novamente...


Sê bem vindo, o Mosaico Laico é tão meu quanto de todos, de nós nossos nunca desatados.


Pedro Igor B. Lopes - 18 de julho de 2011